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Anatomia - Reparação de hérnia inguinal, Lichtenstein

  1. Anatomia cirurgicamente relevante

    Anatomia cirurgicamente relevante

    A região inguinal (transição entre a parede abdominal anterior e o membro inferior) possui vários pontos fracos através dos quais um saco herniário com ou sem conteúdo pode protrair através da parede abdominal (mulheres são mais propensas a hérnias femorais, homens a hérnias inguinais). Abaixo do ligamento inguinal, o canal inguinal é dividido em dois compartimentos por uma divisão do ligamento inguinal (arcus iliopectineus): a lacuna vasorum e a lacuna musculorum.

    Lacuna vasorum

    • Localizada ao lado do osso púbico, serve como passagem para a artéria ilíaca externa e veia (→ artéria femoral e veia, arranjo: artéria lateral à veia). O ramo femoral do nervo genitofemoral passa por ela lateralmente. Caudalmente medial, os linfonodos inguinais profundos (Rosenmüller) são encontrados aqui. A lacuna vasorum representa o orifício herniário interno para hérnias femorais (através do septo femoral ao lado da veia femoral).

    Lacuna musculorum

    • Localizada lateralmente à lacuna vasorum, serve como passagem para o músculo psoas maior e músculo ilíaco (juntos = músculo iliopsoas) bem como para o nervo femoral e nervo cutâneo femoral lateral (cranialmente).
  2. Parede abdominal anterior e canal inguinal

    Parede abdominal anterior e canal inguinal

    O canal inguinal se forma durante o desenvolvimento das gônadas no embrião masculino por meio da descida dos testículos, que são puxados para o escroto pelo gubernáculo testicular, como uma estrutura tubular. O peritônio carregado durante essa descida permanece como uma evaginação no canal inguinal (Processus vaginalis testis) e se estende até o epidídimo. As camadas da parede abdominal assim se tornam coberturas comparáveis nessa bolsa:

    • Fascia transversalis → Fáscia espermática interna,
    • Músculo oblíquo interno → Músculo cremáster,
    • Fáscia do músculo oblíquo externo → Fáscia espermática externa,
    • sem cobertura pelo músculo transverso do abdome, pois ele termina mais cranialmente.

    Vasos sanguíneos (artéria e veia testicular) bem como o ducto deferente (ductus deferens) e nervos (nervo ílio-inguinal do plexo lombar) também são puxados para o escroto e formam o cordão espermático. Por meio da obliteração do processus vaginalis testis, a conexão com a cavidade abdominal se fecha, tipicamente deixando apenas sua entrada (vestígio do processus vaginalis testis). No embrião feminino, os ovários não descem completamente devido à tração do gubernáculo, mas permanecem ao lado do útero. Apenas o ligamento redondo do útero, como o antigo gubernáculo, persiste no canal inguinal. A obliteração inadequada do processus vaginalis testis representa uma fraqueza na parede abdominal e o ponto de partida para hérnias inguinais.

    O canal inguinal corre aproximadamente 4 cm de comprimento em direção médio-caudal logo acima do ligamento inguinal paralelo a ele e fica entre o anel inguinal profundo, como sua extremidade cranial, e o anel inguinal superficial, como sua abertura para a parede abdominal externa.

    Anel inguinal profundo

    • No meio do caminho entre a sínfise e a espinha ilíaca anterior superior na parede abdominal interna, lateral à artéria e veia epigástrica inferior (na prega umbilical lateral)

    Anel inguinal superficial

    • Acima do tubérculo púbico na fáscia do músculo oblíquo externo, borda superior apontando cranialmente, borda inferior formada pelo ligamento inguinal, lados = crus medial e lateral com fibras intercrurais para estabilização.
  3. Paredes do canal inguinal

    Parede anterior

    • Fáscia do músculo oblíquo externo, reforçada lateralmente por fibras do músculo oblíquo interno → ligamento inguinal e → músculo cremáster

    Parede posterior

    • Fáscia transversalis, reforçada medialmente pela foice inguinal (= tendão do músculo transverso do abdome e músculo oblíquo interno)

    Parede superior

    • Músculo transverso do abdome e músculo oblíquo interno (direção das fibras do ligamento inguinal para a foice inguinal medial)

    Parede inferior

    • Ligamento inguinal medial (=ligamentum reflexum) bem como uma goteira formada pelo músculo oblíquo externo para o cordão espermático.
  4. Conteúdo do canal inguinal

    Em homens, o canal inguinal contém o cordão espermático (Funiculus spermaticus) com o ducto deferente, a artéria do ducto deferente (da artéria vesical inferior) e a artéria testicular (da aorta), o plexo pampiniforme venoso, a artéria/veia cremastérica, o ramo genital do nervo genitofemoral para o músculo cremáster, bem como fibras nervosas simpáticas e vasos linfáticos, cercados pela fáscia espermática interna, a fáscia cremastérica e a fáscia espermática externa.

    Em mulheres, o canal inguinal contém o ligamento redondo do útero, que se estende do útero até o anel inguinal profundo, através do canal inguinal até o anel inguinal superficial, e finalmente termina nos grandes lábios.

    Adicionalmente, vasos linfáticos estão presentes. O nervo ílio-inguinal corre parcialmente no canal inguinal.

  5. Tipos de hérnias

    Aberturas herniárias para hérnias inguinais indiretas são o anel inguinal profundo, e para hérnias inguinais diretas, a fossa inguinal medial (medial ao anel inguinal profundo e à artéria/veia epigástrica inferior).

    Hérnias Inguinais Indiretas

    • mais comum, homens > mulheres, congênita (processo vaginal patente) ou adquirida (também através do anel inguinal interno na fossa inguinal lateral, principalmente adultos), o saco herniário corre lateral aos vasos epigástricos e se estende para o escroto ou lábios maiores

    Hérnias Inguinais Diretas

    • principalmente adquirida, em adultos homens > mulheres, protrusão do peritônio e fáscia transversalis na fossa inguinal medial (= triângulo de Hesselbach/triângulo inguinal, medial à artéria/veia epigástrica), medialmente delimitado pelo músculo transverso do abdome, caudalmente pelo ligamento inguinal, principalmente saindo através do anel inguinal externo → escroto/lábios maiores.

    Hérnias Femorais

    • predominantemente adquirida, em adultos mulheres > homens, através do canal femoral na coxa medial (medial à lacuna vascular) junto com a artéria/veia femoral, ramo femoral do nervo genitofemoral e vasos linfáticos.