- Colecistolitíase sintomática ou lama biliar com dor cólica biliar típica, frequentemente pós-prandial.
- Colecistolitíase assintomática com cálculos >3 cm, pólipos na vesícula biliar >1 cm ou vesícula de porcelana (risco significativamente aumentado de carcinoma de vesícula biliar).
- Cólica biliar por cálculos durante o primeiro trimestre da gravidez devido ao alto risco de recorrência mais tarde na gravidez (recomenda-se cirurgia eletiva precoce).
- Colecistite aguda requerendo cirurgia laparoscópica precoce dentro de 24 horas da admissão.
- Limpeza do ducto biliar pós-ERCP para colecistolitíase concomitante (preferencialmente dentro de 72 horas, “divisão terapêutica”).
- Pancreatite biliar aguda com colestase/pancreatite em resolução e sem ERCP; cirurgia eletiva precoce é aconselhada devido ao alto risco de recorrência de pancreatite.
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Indicações
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Contraindicações
Nota: A cirurgia robótica expande significativamente os limites dos procedimentos minimamente invasivos, especialmente para casos que anteriormente eram contraindicados.
Contraindicações para colecistectomia minimamente invasiva assistida por robô incluem:
- Tumores malignos da vesícula biliar ou ductos biliares que requerem ressecção extensa (embora abordagens robóticas possam ser viáveis)
- Abdômen congelado/hostil
- Pancreatite aguda florida
- Trombose da veia porta ou condições com colateralização venosa grave (ex.: cirrose)
- Cirrose (Child B e C)
- Comorbidades cardiovasculares graves que representam risco anestésico (ex.: NYHA III com estenoses carotídeas críticas)
Outras contraindicações para colecistectomia laparoscópica convencional, como fístulas biliodigestivas ou síndrome de Mirizzi, ainda podem ser abordadas roboticamente em centros especializados.
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Diagnósticos Pré-operatórios
- Histórico: Dor cólica (>15 minutos) no quadrante superior direito/epigástrio, icterícia e febre são os principais sintomas de doença inflamatória da vesícula biliar ou ducto biliar.
- Exame Clínico: Sinais típicos de colecistite aguda incluem dor no quadrante superior direito, sinal de Murphy (sensibilidade localizada sobre a vesícula biliar sob pressão direta), marcadores inflamatórios elevados e febre.
- Exame Laboratorial: Inclui hemograma completo, PCR, enzimas hepáticas (transaminases), bilirrubina, amilase, lipase, parâmetros de coagulação, eletrólitos, creatinina e marcador tumoral CA 19-9 se houver suspeita de malignidade.
- Ultrassonografia Abdominal: Detecta cálculos, espessamento da parede, parede da vesícula biliar em três camadas e sinal de Murphy na colecistite aguda.
- Imagem:Evite imagens adicionais se não houver evidência de coledocolitíase (clínica, laboratorial ou ultrassonográfica).
- CPRE: Intenção terapêutica apenas para coledocolitíase; use endossenografia ou CPRM como precursor diagnóstico se necessário.
- Endossenografia: Maior sensibilidade para detectar cálculos no ducto biliar comum.
- TC/CPRM/RM: Para achados ultrassonográficos obscuros ou suspeita de tumor.
- Gastroscopia: Se a apresentação clínica obscura sugerir patologia gástrica apesar da colecistolitíase.
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Preparação Pré-operatória
Preparação Geral:
- Banho na noite anterior
- Raspar da incisura jugular até a sínfise púbica
- Aplicar swab de Octenisept no umbigo
- Pré-medicação e antibióticos profiláticos de dose única (ex.: Cefuroxima 1,5 g) na sala de cirurgia
- A terapia antibiótica perioperatória é necessária para colecistite aguda ou coledocolitíase.
- A profilaxia antibiótica de dose única é opcional em outros casos.
- Profilaxia antitrombótica com enoxaparina (“Clexane 40”) e meias antitrombose conforme diretrizes de prevenção de TEV - Profilaxia da tromboembolia venosa (TEV)
Gerenciamento da Anticoagulação:
- Continuar a terapia com aspirina perioperatória
- Interromper clopidogrel (inibidor de ADP) pelo menos 5 dias antes
- Pausar antagonistas da vitamina K por 7 - 10 dias, monitorando INR
- Pausar NOACs (novos anticoagulantes orais) 2 - 3 dias antes da cirurgia. Consulte cardiologista se necessário
Ponte:
- Antagonistas da vitamina K: Ponte com heparinas de ação curta se INR estiver fora da faixa-alvo
- NOACs: Geralmente, a ponte é desnecessária devido à sua meia-vida curta, exceto em casos de alto risco trombótico (use HNF em ambiente monitorado)
Diagnósticos Funcionais Pré-operatórios
- ECG: Para pacientes > 40 anos ou com condições pré-existentes
- Risco Cardíaco/Pulmonar Elevado: Avaliar operabilidade com diagnósticos adicionais (raio-X de tórax, testes de função pulmonar, ECG de estresse, ecocardiografia, angiografia coronária)
- Testes adicionais dependem de comorbidades
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Consentimento Informado
- Conversão para colecistectomia aberta
- Lesão do ducto biliar
- Perfuração da vesícula biliar
- Perda intra-abdominal de cálculos
- Revisão aberta ou minimamente invasiva do ducto biliar
- Colangiografia intraoperatória
- Lesão vascular (artéria hepática, veia porta)
- Lesão de órgãos próximos (duodeno, intestino delgado, cólon, fígado)
- Peritonite
- Formação de abscesso
- Intervenções de seguimento
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Anestesia
Anestesia geral com intubação é necessária para procedimentos envolvendo capnoperitônio.
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Posicionamento
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- O paciente é colocado em posição supina sobre uma almofada a vácuo, com o braço esquerdo opcionalmente abduzido. A almofada elimina a necessidade de suportes adicionais.
- Após a colocação do trocarte, a mesa cirúrgica é ajustada para aproximadamente uma posição anti-Trendelenburg de 15° com uma inclinação de 5° para a esquerda. O robô cirúrgico é posicionado do lado direito ou direito cranial, e os braços robóticos são acoplados.
Notas:
- O posicionamento adequado é crucial para acoplar o paciente ao manipulador robótico. Sem a função de movimento da mesa, os braços devem ser desacoplados antes de quaisquer ajustes na mesa. O deslizamento do paciente representa um risco de lesão.
Notas Importantes:
- Certifique-se de que a almofada a vácuo esteja hermética antes da cobertura estéril.
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Configuração da Sala de Cirurgia
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- Cirurgião principal: No console, idealmente com visibilidade do paciente e do assistente de mesa
- Assistente de mesa: Posicionado no lado esquerdo do paciente
- Anestesiologista: Posicionado na cabeça do paciente no lado esquerdo
- Carrinho do paciente: Acoplado do lado direito/lado cranial direito
- Enfermeiro instrumentista: Posicionado no lado esquerdo do paciente ao lado do assistente de mesa
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Instrumentos Especiais e Sistemas de Fixação
Instrumentos Robóticos:
- Pinça Prograsp/Tipup
- Pinça bipolar fenestrada
- Câmera (30°)
- Tesoura curva monopolar
- Aplicador de clipes grande
- Sistema de sucção-irrigação robótico opcional
Instrumentos Laparoscópicos:
- Sistema de gás para pneumoperitônio
- Sistema de sucção-irrigação laparoscópico opcional
- Bolsa para remoção de amostra
Posicionamento de Instrumentos (Configuração para Destros):
- Porta 1: Pinça bipolar fenestrada
- Porta 2: Câmera
- Porta 3: Tesoura curva monopolar ou aplicador de clipes grande
- Porta 4: Pinça Prograsp/Tipup
Porta assistente (se necessário): Sucção
Trocares:
- Robótico
- Quatro trocares robóticos de 8 mm
- Laparoscópico
- Trocar assistente adicional, se necessário
Instrumentos Básicos:
- Bisturi (lâmina 11)
- tesouras
- retractores
- porta-agulhas
- tesouras de sutura
- pinças
- esponjas
- Agulha de Veress
- gazes e material de sutura (3-0 absorvível para camadas subcutâneas, 3-0 monofilamento para pele)
- Grampos Backhaus
- Esparadrapo
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Cuidados Pós-Operatórios
![Cuidados Pós-Operatórios]()
Gerenciamento da Dor:
Anti-inflamatórios não esteroides são geralmente suficientes, se necessário, pode haver um aumento com analgésicos contendo opioides
- Gerenciado tipicamente com anti-inflamatórios não esteroides (AINEs). Opioides podem ser adicionados para dor irruptiva.
- Medicação basal: Analgesia oral com combinações como:
- Metamizole: 4x 1 g por via oral ou 1 g IV em 10 minutos
- Paracetamol: 3x 1 g por via oral, retal ou IV em 15 minutos
- Medicação sob demanda: Para VAS ≥ 4, opções incluem:
- Piritramide: 7.5 mg IV ou subcutânea
- Oxigesic: dose aguda de 5 mg
- Dor persistente pode requerer opioides de liberação prolongada (ex., Targin 10/5 mg duas vezes ao dia)
Nota: Ajuste a medicação basal aos fatores do paciente (idade, alergias, função renal). Administre doses sob demanda 20 minutos antes da mobilização, se necessário.
Nota: Consulte as diretrizes PROSPECT (Gerenciamento de Dor Pós-Operatória Específica de Procedimentos) e as diretrizes atuais sobre o gerenciamento da dor aguda perioperatória e pós-traumática. - diretriz atual Além disso, siga a escada analgésica da OMS para o gerenciamento estruturado da dor.
Acompanhamento Médico:- Remova o tubo nasogástrico no final da cirurgia
- Verifique transaminases e bilirrubina nos dias pós-operatórios 1 ou 2
- Remova drenos nos dias 2 ou 3
- Para suturas não absorvíveis, remova nos dias 10 – 12
- Se a histologia revelar carcinoma:
- pTis ou pT1a: Colecistectomia é suficiente
- pT1b ou superior: Ressecção secundária oncológica com linfadenectomia necessária
Tromboprofilaxia:
- Administre heparina de baixo peso molecular (ajuste a dose pelo peso/fatores de risco) junto com medidas físicas até a mobilização completa. Monitore a função renal e a contagem de trombócitos para HIT II
Atividade e Recuperação:
- Mobilização: Imediata
- Fisioterapia: Considere exercícios respiratórios para prevenção de pneumonia
- Dieta: Retome imediatamente pós-operatório
- Regulação Intestinal: Use laxantes a partir do dia 2, se necessário
- Incapacidade para Trabalho: 5–10 dias


